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Transtorno alimentar: conheça os tipos e como identificar
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 4,7% dos brasileiros sofre de algum transtorno alimentar. Em uma sociedade que se tornou refém de padrões de beleza inatingíveis e na qual as pessoas passam, inconscientemente, horas e horas se comparando umas com as outras nas redes sociais, é muito importante prestar atenção nos próprios hábitos alimentares para não cair nessa teia.
Siga na leitura do texto para entender mais sobre o assunto, conhecer alguns tipos de distúrbios alimentares e como perceber os sinais. Pode ser que você esteja neste caminho — ou até mesmo conheça alguém que está — e não faça a menor ideia.
Tabela de conteúdo
O que é um transtorno alimentar?
Todo organismo vivo precisa tirar energia de algo para sobreviver. Enquanto as plantas conseguem produzir o próprio alimento, os animais e seres humanos precisam de comida. Mas ao longo de todos esses anos de evolução, o ato de se alimentar parou de ser relacionado apenas à sobrevivência e se tornou, também, algo social e cultural.
Culturas diferentes possuem hábitos alimentares diferentes e isso envolve tanto o tipo de alimento consumido, as restrições, os horários e as refeições em si. Mesmo quando falamos de uma mesma cultura, é possível ver o quanto cada indivíduo tem suas próprias rotinas: enquanto alguns não dispensam uma boa mesa de café da manhã, outros dizem não aguentar nem sentir cheiro de comida na primeira hora do dia.
Toda essa introdução foi só para dizer que existem muitas formas de se alimentar e lidar com a comida e, por conta disso, é impossível trazer uma regra que seja a correta e funcione para todo mundo. O importante é entender se existe uma relação saudável ou doentia com a comida.
Quando o comportamento alimentar de uma pessoa começa a afetar negativamente a sua saúde e o seu estado emocional de forma persistente, considera-se que é um caso de transtorno alimentar.
Tipos de transtorno alimentar
Existem diversos tipos de distúrbios alimentares, com características diferentes entre si. Confira os mais comuns:
Anorexia
A anorexia nervosa é um distúrbio que faz com que a pessoa enxergue o próprio corpo de maneira incoerente com a realidade: em geral, muito acima do peso. A partir disso, o indivíduo começa a desenvolver medo intenso de ganhar peso e fazer de tudo para evitar que isso ocorra, adotando atitudes prejudiciais à saúde, como a altíssima restrição alimentar e a prática excessiva de atividades físicas.
O objetivo do paciente com anorexia é limitar ao máximo as calorias ingeridas e aumentar o gasto energético. É um transtorno extremamente agressivo, visto que a intensa perda de peso pode causar inanição rapidamente e trazer diversos outros prejuízos à saúde, como deficiência nutricional, baixas de imunidade, enfraquecimento ósseo e até mesmo problemas cardíacos.
Bulimia
Outro dos transtornos alimentares mais conhecidos, a bulimia se caracteriza por dois principais momentos: primeiramente, um consumo excessivo de comida e, então, em seguida, a culpa por ter comido e a busca por eliminar tudo do corpo.
Uma das maneiras mais utilizadas para isso é o vômito, mas ele não é a única escolha dos pacientes, que por vezes optam por utilizar laxantes, diuréticos ou, até mesmo, a prática de exercícios físicos em intensidades exageradas.
Por ser um transtorno caracterizado por momentos de compulsão, os pacientes não aparentam ter o aspecto magérrimo semelhante ao dos indivíduos com anorexia. Eles costumam, inclusive, estar um pouco acima do peso ideal, o que já prova que não é tão óbvio reconhecer um distúrbio alimentar, pois cada um tem seus próprios sinais.
Compulsão alimentar
A compulsão é o terceiro dos mais conhecidos distúrbios alimentares e, neste caso, a questão está justamente no exagero. É comum que as pessoas associem a ideia de um transtorno alimentar a uma pessoa muito magra ou que busca desesperadamente a perda de peso, mas não necessariamente.
Comer demais também é um comportamento nocivo à saúde e pode estar ligado a questões emocionais. Enquanto a média de consumo calórico diário de um adulto saudável é de 2 mil calorias, pessoas com compulsão alimentar chegam a ingerir 4 mil em uma única refeição.
Neste caso, diferentemente do que acontece na bulimia, os episódios de compulsão não são seguidos da eliminação das calorias ingeridas. Eles, em geral, são motivados por gatilhos emocionais, como ansiedade e estresse.
Ortorexia
A base de uma alimentação correta é o equilíbrio e, não necessariamente, a busca por se alimentar apenas de comida saudável a qualquer custo. Tanto é que temos aqui na lista a ortorexia, um distúrbio caracterizado pela preocupação excessiva com a alimentação saudável.
Nesses casos, o paciente tem tanto medo de adoecer por ingerir alimentos não saudáveis que transforma esse comportamento em obsessão e, muitas vezes, deixa de curtir eventos e jantares sociais por não aceitar nenhum outro tipo de comida.
Além da composição do prato e da escolha dos ingredientes, é comum que o paciente comece, também, a se preocupar com o preparo da comida, o que frequentemente faz com que ele se isole por aceitar comer apenas o que ele mesmo prepara.
Vigorexia
O distúrbio da vigorexia também está associado à busca de uma imagem corporal, mas, nesse caso, diferentemente da anorexia, o que o indivíduo quer alcançar é um corpo com músculos fortes e torneados.
Por conta disso, a pessoa começa a adotar hábitos extremos, como uma intensa restrição alimentar e consumo de suplementos e anabolizantes, tudo isso aliado, é claro, a uma quantidade extenuante de atividade física na rotina.
Enquanto os músculos se desenvolvem de forma atípica e, por vezes, disformes (e a saúde é afetada pelo consumo dos suplementos), os pacientes seguem se olhando no espelho e se enxergando pequenos e fracos.
Drunkorexia
Drunkorexia vem do termo em inglês drunk, que significa “bêbado; alcoolizado”. Como o próprio nome sugere, esse transtorno está relacionado ao comportamento de restringir a ingestão de calorias e substituir os alimentos por bebidas alcoólicas.
Por conta disso, é um distúrbio diretamente relacionado ao alcoolismo e acaba sendo uma mistura do vício com a anorexia ou com a bulimia, já que o paciente, em geral, utiliza métodos de emagrecimento parecidos, como a restrição alimentar severa ou os episódios de compulsão seguidos por maneiras de expurgar as calorias ingeridas.
Pregorexia
Pregorexia também vem de uma palavra em inglês, pregnant, que significa grávida. Esse transtorno alimentar, portanto, está relacionado a gestantes, sendo comum que as mulheres que o desenvolvam já tenham apresentado bulimia ou anorexia.
Os sintomas também estão associados a uma tentativa de perder peso e manter a forma física e, para isso, as pacientes realizam dietas muito restritivas, vomitam excessivamente e reforçam a prática de exercícios físicos, comportamentos que não são recomendados ao longo da gravidez.
Como identificar um transtorno alimentar: atente-se aos sinais
O profissional adequado para consolidar um diagnóstico de transtorno alimentar é opsiquiatra, que analisará tantos exames e características clínicas do paciente quanto seus aspectos emocionais para entender se existe um problema a ser tratado. O acompanhamento com um psicólogo e um nutricionista também é essencial nessa fase e ao longo de todo o tratamento.
É importante, no entanto, perceber os sinais que você mesma (ou alguém próximo) pode estar demonstrando e que deem a entender que existe uma relação pouco saudável entre alimentação e imagem corporal.
De acordo com a nutricionista Ana Bonfim, o próprio paciente costuma ter muita dificuldade para se perceber em um transtorno e “assumí-lo”, portanto é importante que amigos e familiares estejam com o radar ligado.
Ela ressalta a presença de sinais, como distorções da imagem corporal, perdas de peso muito rápidas e intensas e preocupação grande em não aumentar o peso ou mesmo de gastar as calorias ingeridas.
Algumas características clínicas também devem ser levadas em consideração, como anemias, inibição do ciclo menstrual em mulheres e, no caso da bulimia, dores de garganta frequentes e até mesmo a erosão no esmalte do dente, o que pode ser ocasionado pelos vômitos constantes.
Além disso, Ana ressalta que é muito importante ficar de olho em pessoas que estão constantemente entrando em dietas, o que não necessariamente significa um transtorno, mas tem grandes chances de fazer parte dessa jornada.
Por fim, ela alerta o quanto a nossa experiência midiática atual, com as redes sociais a todo o vapor e os famosos perfis de “blogueiras fitness”, precisa ser levada em consideração nesse cenário. “Vemos meninas cada vez mais novas desenvolvendo distorção de imagem corporal por receber diariamente esse tipo de conteúdo e estarem inseridas nesse culto ao corpo perfeito.” Portanto, dentro do possível, vale ainda que os pais estejam de olho no que está sendo consumido na internet e tragam esses assuntos para dentro de casa.
Como tratar um transtorno alimentar
O tratamento de um transtorno alimentar é delicado e demanda o acompanhamento constante do paciente por uma equipe multidisciplinar que, em geral, envolve um psiquiatra, um psicólogo e um nutricionista.
Esses profissionais devem trabalhar em conjunto, visando melhorar a relação do paciente com a alimentação e com seu próprio corpo. Uma boa base psicológica deve ser construída para que possa ressignificar a comida e o momento de se alimentar, sem tratá-los como vilões e tampouco como o lugar de afogar as mágoas.
É importante saber também que o primeiro passo para o tratamento é aceitar a existência do transtorno e entendê-lo sem julgamentos. Vivemos em uma sociedade que endeusa e almeja padrões de beleza inalcançáveis e não é difícil cair nessas armadilhas. O objetivo deste texto é colocar luz sobre o assunto e te atentar para os possíveis sinais que seu corpo, mente e comportamento podem estar oferecendo.
Caso você tenha percebido, ao ler este texto, alguns sinais de transtorno alimentar no seu comportamento, não hesite em buscar ajuda profissional. Uma vida saudável de verdade é uma vida equilibrada e balanceada, com comida gostosa, exercícios físicos moderados e mente sã!
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